Na semana do Dia Mundial de
Conscientização sobre o Autismo, (2 de abril), a Procuradoria da Mulher da
Câmara Municipal de Vitorino, realizou na sexta-feira (4), na Casa de Leis, uma
roda de conversa, marcada pela troca de experiências entre familiares, profissionais
da saúde, da educação, da assistência social, terapeutas, além dos maiores
interessados, pessoas com o transtorno do espectro autista.
A vereadora e procuradora da
Mulher no Legislativo de Vitorino, Elizandra dos Santos Zilio destaca que o
intuito da procuradoria, é acolher as famílias atípicas. “Sabemos que quando
diagnostica, ou ainda o processo de diagnóstico assusta as mães. Elas não sabem
a quem recorrer, quem procurar”.
Mãe atípica de um menino de 6
anos, Sandra Mara Demétrio da Silva descreveu o sentimento de quando teve o diagnóstico
do filho. “Foi um choque, porque a gente não esperava”, contudo, mesmo sendo
necessário um ano para ter de fato o diagnóstico, Sandra Mara lembra de todo o
suporte inicial recebido. “Desde o início tive suporte com a equipe médica que
acompanhou o diagnóstico todo, e as terapias. Como foi um ano de investigação,
então um ano correndo atrás um ano buscando descobertas, quando fechou o
diagnóstico, já estava mais preparada.”
A mãe, que hoje comemora as
conquistas diárias do filho, afirma que quando fechou o diagnóstico conseguiu ajudar
ainda mais para que o menino tivesse resultados positivos. “Hoje, graças a Deus,
eu digo que é positivo [evolução do filho], a correria da gente, porque ele era
um grau severo e hoje ele é um grau leve”.
Até 2024 o filho de Sandra Mara
tinha dupla matrícula, ou seja, estava matriculado na rede regular de ensino e
na Apae 7 de abril, em Vitorino, porém, ao passar por uma avaliação, foi optado
por manter o menino apenas na escola especializada pelo suporte adequado
existente. No entanto, a rotina é repleta de atividades, o contempla Terapia Ocupacional
(TO), que a mãe descreve como “uma das principais terapias para a socialização”,
fonoaudióloga, fisioterapia, equoterapia, neurologista e nutricionista, uma vez
que seu filho tem seletividade alimentar.
A analista comportamental, Renata
Assis foi uma das convidadas a compartilhar suas experiências. Diagnosticada
quando adulta, ela ainda é mãe atípica e trabalha diretamente com a população TEA.
Para Renata a maior barreira
enfrentada hoje para a população diagnosticada com autismo é o tratamento. “São
inúmeras terapias, mas não é só terapia, é família, é rede de apoio, então a
parte multidisciplinar: escola, saúde e família é onde estão os maiores
desafios.”
Renata afirma que outra problemática
enfrentada é a forma que muitas vezes o diagnóstico é revelado as famílias, no
que ela prefere descrever como abrupto. “As vezes se recebe o diagnóstico, mas
não se recebe uma informação do que se pode fazer. A forma de como é colocado
este diagnóstico diante das famílias, é necessário um olhar mais acolhedor dos
profissionais, porque tem famílias que compreendem, enquanto outras, não sabem
nem o que fazer com esse diagnóstico.”
Secretário de Saúde de Vitorino,
e pai atípico, Ronaldo Silveira Filho afirma que a legislação está cada vez
mais avançando para que se tenha condições de acesso a saúde, educação e assistência
social ao que se refere as pessoas com autismo. Ele avalia ser importante que as
famílias ampliem a discussão, dando maior visibilidade a conscientização e
busca de direitos. “A saúde pública ela está prepara, mas tem que discutir
muito com as outras áreas, para que possamos estar promovendo ações constantes,
compartilhadas, para que não fiquemos isolados enquanto saúde.”